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Kim Phúc participa do VIII Congresso de Queimaduras

Embaixadora da Unesco teve 65% do corpo queimado na Guerra do Vietnã

Texto e fotos: Pâmela Carbonari ( pamelacarbonari@gmail.com )

Kim Phúc, ícone da Guerra do Vietnã e ativista dos Direitos Humanos, abriu ontem o VIII Congresso Brasileiro de Queimaduras, que vai até o dia 13 de outubro, no Hotel Majestic, Florianópolis. O encontro dedicado à prevenção, tratamento e reabilitação de queimaduras destina-se a médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, nutricionistas e estudantes. Ao longo dos três dias, o evento, promovido pela Sociedade Brasileira de Queimaduras e apoiado pela UFSC, vai reunir 500 profissionais da área da saúde. Nenhum país no mundo registra índices tão altos de queimaduras quanto o Brasil, estima-se que sejam cerca de um milhão de vítimas a cada ano, sendo dois terços crianças.

Para o presidente do Congresso, Maurício Pereima, a prevenção continua sendo o melhor tratamento, mas destaca como principais avanços da medicina o tratamento cirúrgico precoce nas primeiras 72 horas; o uso de materiais capazes de imitar a pele, os chamados substitutos cutâneos e a cultura de células tronco. Quase 200 especialistas nacionais e internacionais participarão do Congresso. Um deles é o pediatra americano referência em prevenção de lesões na infância, Martin Eichelberger. O americano trabalhava em um dos melhores hospitais de Washington, mas ao ver que mesmo desempenhando um bom trabalho em conjunto com uma equipe de médicos competentes, as crianças continuavam morrendo. Foi aí que decidiu fundar a Safe Kids Worldwide, que hoje atua em 22 países, inclusive no Brasil.

Hoje pela manhã, Kim Phúc concedeu uma entrevista coletiva à imprensa, no Hotel Majestic. Sorridente e otimista, contou como conseguiu superar o trauma e ajudar as pessoas com sua história. “Dia e noite eu tinha que conviver com aquela dor. Eu pensava, por que eu? Por que não morri? Quando começei a me dedicar à religião e passar a minha mensagem adiante, as respostas foram surgindo. Sinto muita dor no corpo, mas no coração me sinto limpa. Hoje eu tenho tudo e agradeço por cada benção na vida, mas não esqueço as crianças que sofrem como eu”. E acrescentou “Em todos os lugares do mundo que já viajei, as pessoas precisam das mesmas coisas: paz, felicidade e perdão. As pessoas precisam aprender a viver em paz e serem felizes. Se eu fui, todo mundo pode ser”.

No dia 8 de junho de 1972, o povoado em que Phúc vivia foi atingido por um bombardeio de napalm (bomba de gasolina e chumbo que causa queimaduras de 3º grau) e ela, na época com 9 anos, teve 65% do corpo queimado. Cercada pelas chamas e pela fumaça, a menina perdeu-se dos familiares, mas, por sorte, seus pés não sofreram queimaduras e ela pode fugir do vilarejo. Enquanto corria, nua ao lado de outras crianças, Kim Phúc foi eternizada, por Huynh Cong Ut da agência Associated Press, na imagem que ganhou o Prêmio Pulitzer de 1973.

Logo após tirar a foto, Cong, chamado também de Nick Ut, levou a menina ao hospital mais próximo. Nos 40 anos que sucederam o fato, os dois se reencontraram várias vezes e Kim o considera seu herói. Phúc já passou por 17 cirurgias para amenizar as marcas das queimaduras, mas suas cicatrizes não puderam ser apagadas.

Veja o vídeo do bombardeio

Phan Thi Kim Phúc é Embaixadora da Boa Vontade da Unesco desde 1994. Além disso, a vietnamita ajuda a financiar escolas e hospitais em países subdesenvolvidos e dedica-se à Fundação Internacional Kim, que dá suporte médico e psicológico à crianças vítimas de guerra. Atualmente, vive no Canadá com o marido e os dois filhos.

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