Reportagens

José Hamilton Ribeiro: leia muito, pois é preciso ler muito para escrever bem

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O Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Ubaldo César Balthazar, participou da aula inaugural, ao lado do jornalista José Hamilton Ribeiro. Foto: Júlia Mallmann.

O repórter do século, como José Hamilton Ribeiro é conhecido, reuniu na tarde de sexta-feira, dia 10 de agosto, alunos, professores e e jornalistas profissionais de veículos de comunicação interessados nos conhecimentos de mais de 60 anos de carreira do jornalista, que completa 83 anos no próximo dia 29. O público superou a capacidade de 120 assentos do Auditório Henrique Fontes no Centro de Comunicação e Expressão da UFSC (CCE). O evento foi organizado pela Agência de Comunicação da UFSC (Agecom) em parceria com o Departamento de Jornalismo da UFSC e apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu).

Acompanhado pelo reitor Ubaldo César Balthazar, do diretor da Agecom, Artemio Reinaldo de Souza, da professora do Departamento de Jornalismo, Cárlida Emerim e do jornalista Arnon Gomes, autor de sua biografia O jornalista mais premiado do Brasil, Ribeiro relembrou a última vez em que esteve na Universidade, durante a 16ª Semana de Jornalismo da UFSC, no dia 2 de outubro de 2017. Um “dia triste e de luto”, relembrou ele sobre a morte do então reitor, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, e destacou a importância da presunção de inocência.

Ao longo de duas horas de conversa, José Hamilton Ribeiro, que foi repórter da revista Realidade na cobertura da Guerra do Vietnã em 1968, onde perdeu uma perna ao pisar em uma mina terrestre, e há mais de trinta anos faz parte do Globo Rural, falou sobre a situação atual do jornalismo no Brasil. “Eu nunca vi uma crise na imprensa brasileira tão grave. Ela desequilibrou um modelo de negócio que permitia às empresas jornalísticas sobreviverem e darem condições para se fazer um jornalismo de alta qualidade”. Ele apontou a internet como uma das causas dessa crise, já que na rede há um grande fluxo de informações, sendo algumas sem base, como é o caso das fake news. Apesar das armadilhas da internet, Ribeiro vê que este meio pode ser uma solução para a crise. “Ela é hoje a sobrevivência do jornalismo de alto nível também, a internet abre possibilidades. E esse é o grande desafio: como estabelecer uma maneira possível, um mecanismo, de ter tranquilidade quanto a veracidade dos fatos publicados na internet”.

Em entrevista ao Cotidiano, José Hamilton Ribeiro contou que a vida de repórter o levou a muitas experiências, pessoas e lugares. “Eu tenho a sensação que eu não gostaria de fazer nada além do que faço. E pretendo continuar a fazer isso por mais alguns anos”. Ele contou ainda que tem uma lista onde anota todas as pautas que pretende realizar e relembra uma frustração na carreira: não ter participado da cobertura sobre a queda do Muro de Berlim, em 1989. “Momento tão histórico, tão importante. Na época eu fiquei com inveja dos repórteres que estavam lá, num momento daquele”. Por fim, o repórter mais premiado do Brasil, com sete prêmios Esso, deixou uma mensagem aos estudantes de jornalismo. “O conselho que eu dou é: tenha uma boa formação e leia. Leia muito, pois é preciso ler muito para escrever bem”.

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O público superou a capacidade de 120 assentos do Auditório Henrique Fontes no Centro de Comunicação e Expressão da UFSC (CCE). Foto: Júlia Mallmann.

 

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