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Conheça “The Rotfather”, game produzido por grupo de pesquisa da UFSC

Texto e fotos: Guilherme Longo (guilherme.longo93@gmail.com)

Um dos mercados em maior expansão no Brasil nos últimos anos é o de jogos eletrônicos. Atualmente, o país ocupa o quarto lugar em número de jogadores no mundo e é o maior movimentador financeiro da América Latina. E uma nova área tem ganhado destaque na indústria brasileira: a dos jogos comerciais. Com essa perspectiva, um grupo de pesquisa da UFSC está criando um game com a intenção de se inserir no mercado.

O jogo The Rotfather conta a história de Al Cane, um rato que, ao descobrir uma indústria de açúcar na Nova York dos anos 1940, se torna um dos principais mafiosos do submundo dos esgotos. Lá vivem três diferentes famílias: a dos ratos, a das baratas e das aranhas. Com o aumento de seu poder, alguns membros de sua família resolvem tirá-lo da jogada para ter o controle do negócio. Os assassinos acreditam que o plano funcionou, mas Cane é encontrado vivo em um rio e é auxiliado pelos sapos, ligados à Yakuza, a máfia japonesa.  O objetivo do jogo é fazer Cane retomar seu poder e se vingar dos que tentaram mata-lo.

O game é uma produção do grupo de pesquisa G2E (Grupo de Educação e Entretenimento), ligado ao curso de design de animação da UFSC. Liderados pela professora Monica Stein, 27 alunos de cursos como Design, Letras, Cinema, Música, Sistemas de Informação e Publicidade e Propaganda vêm desenvolvendo o jogo desde 2012.

A ideia para a criação do grupo surgiu dos próprios estudantes, que sentiam falta de disciplinas ligadas a essa área na universidade. Desde então, além de produzir o jogo, os estudantes tem analisado as produções transmídia (animações, livros, produtos) e o mercado de games como um todo.

A produção é feita através da criação de células entre os estudantes, cada um com uma função específica. O grupo responsável por arte de design tem como competência a criação do conceito, cenários, personagens, vestuário, interface, além dos produtos licenciados, como brinquedos, brindes e animações. Há também estudantes envolvidos com game design, roteiro, programação, áudio e vídeo e as áreas administrativa e comercial.

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O jogo, produzido para desktops, possui viés comercial, por ser uma área em expansão no Brasil. Segundo a professora, o game é politicamente incorreto, por não se preocupar com “ser bonitinho e bem comportado”, afirma.  O grupo decidiu por essa visão com base nas pesquisas de amostragem feitas. O público-alvo, segundo Carolina Lisboa, estudante de Design, membro do grupo desde 2012 e diretora de arte, são os próprios estudantes universitários: “estamos fazendo um jogo que nós queremos jogar”. A animação é feita em 2D e segue o conceito de metroidvania, com foco na estrutura de exploração atravésda ação e da aventura. A dublagem foi decidida pelas pesquisas de amostragem também. Com a intenção de inserir o game no mercado internacional, serão feitas versões em português e em inglês.

Desde o ano passado, o grupo tem realizado apresentações em eventos no Brasil e nos Estados Unidos. Na SBGames, um dos principais eventos da área de games do país realizada em novembro em São Paulo, o jogo se destacou entre os inscritos na categoria em produção.

Segundo Monica, coordenadora do grupo, um dos maiores problemas é a falta de financiamento por parte da Universidade. Há poucas bolsas e com isso grande parte dos produtores são voluntários, mas mesmo assim dedicam parte de seu tempo para o trabalho. Outro entrave na produção está na falta de apoio do governo federal. Uma das maiores reclamações de empresas do setor em congressos da área de games é que os produtos ainda estão enquadrados como jogos ilícitos, na mesma categoria de máquinas caça-níqueis. Mas o panorama é de mudança: na última edição da Campus Party, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, a Ministra da Cultura Marta Suplicy declarou que os jogos precisam começar a ser pensados como produtos de cultura. E no final de agosto, o BNDES lançou um estudo sobre o mercado de games, sinalizando a possibilidade de captação de verbas públicas para as produtoras.

Em novembro, os estudantes realizarão uma demonstração na SBGames, dessa vez sobre como funciona a dinâmica de criação do grupo.  Já para 2015, o plano é finalizar o prólogo do jogo para apresentações em festivais no Brasil e no mundo. A partir da recepção obtida nos próximos eventos sobre o prólogo, será discutida a produção da trilogia do jogo.  Por enquanto, os testes são realizados em versão beta, para realização de testes de jogabilidade, pelos alunos e convidados, para analise das partes já concluídas.

Confira o teaser do jogo:

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