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Estudantes protestam contra Felício Margotti, diretor do CCE

Texto: Marília Marasciulo (mariliamarasciulo@gmail.com)
Fotos: Gabriel Shiozawa Coelho (gabrielscoelho@gmail.com) e Caroline Morgan

Desde segunda-feira, 27, representantes da União CCE – conjunto dos cinco Centros Acadêmicos do Centro de Comunicação e Expressão – iniciaram uma campanha que pede a renúncia dos professores Felício Margotti e Arnoldo Debatin Neto, diretor e vice-diretor do centro. Na tarde de segunda, uma faixa com os dizeres “Fora Felício” e outra com a palavra “Falta”, cobrindo o nome do centro e formando a frase “Falta de Comunicação e Expressão”, foram estendidas no prédio central do CCE. Também estão sendo recolhidas assinaturas dos estudantes em um abaixo assinado.

O Centro de Comunicação e Expressão é um dos 11 centros da UFSC. Possui 24 cursos de graduação e 14 de pós-graduação, com 2956 e 668 alunos matriculados respectivamente. O prédio principal foi o primeiro a ser construído no campus David Ferreira Lima, em 1970, e por abrigar disciplinas básicas dos dois primeiros anos de diversos cursos, ficou conhecido como Básico.

Segundo o aluno de Cinema e um dos representantes da União CCE, Matias Eastman, que também é membro do Conselho da Unidade do centro, desde a reeleição de Margotti para o cargo no final do ano passado os estudantes têm buscado maneiras de se manifestar contra o diretor. Eastman explica que durante o período eleitoral eles promoveram uma sabatina com o então candidato na qual apresentaram algumas demandas, mas que, como até o começo deste ano não foram atendidas, resolveram agir por conta própria. Ele cita como exemplo as atividades culturais, que supostamente deixaram de ser incentivadas pelo Centro, o que levou a União CCE a realizar uma gincana no início do semestre e o Mês da Concha.

As reações de Margotti a festas realizadas no Mês da Concha foram as motivações para os estudantes escreverem uma carta aberta pedindo sua renúncia, com diversas críticas ao mandato do diretor. Segundo Eastman, após a primeira festa, realizada na Concha Acústica e autorizada pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis no dia 19 de abril, o diretor anunciou que cortaria os auxílios financeiros – para transporte para eventos acadêmicos, por exemplo – a todos os estudantes do Centro por 180 dias, embora a concha não pertença ao CCE. Na semana seguinte, no dia 23, uma das chapas candidata a gestão do Diretório Central dos Estudantes, realizou uma festa no varandão do prédio sem autorização de Margotti, que, em represália, apagou as luzes do local.

Margotti explica que a direção não autoriza festas no Centro porque acredita que elas acabam virando atividades comerciais, e que tal decisão foi explicitada em um comunicado que circulou em 2011. Ele afirma que neste mesmo comunicado está especificado que o Centro deixaria de apoiar todos os estudantes do curso que descumprissem a determinação – como a festa do dia 19 foi realizada pela União CCE, que representa todos os CAs, o corte de auxílio foi estendido a todos os alunos matriculados nos cursos do CCE. Sobre o apagão das luzes, Margotti diz que a resolução 27 do Conselho Universitário, que trata de festas realizadas na universidade, prevê que as luzes sejam apagadas caso o evento não tenha sido autorizado. Ele também diz ter recebido orientação do Pró-Reitor de Assuntos Estudantis para tal atitude. Na resolução 27 não há item que trate da iluminação ou do que deve ser feito em relação a isso em casos de festas não autorizadas. O Diretor de Assuntos Estudantis, Sérgio Luis Schlatter Júnior, na ausência do pró-reitor, disse que a PRAE não deu tal orientação a Margotti.

Uma das principais reclamações dos estudantes na carta aberta é a falta de transparência e de diálogo entre o diretor do Centro e os alunos. Margotti afirma que isso se deve a maneira como o CCE funciona: somente as demandas que dizem respeito ao Centro como um todo, e não questões específicas de cada curso (como espaço físico) devem ser feitas a direção; recursos para estudantes, por exemplo, devem ser requisitados na PRAE, pois a verba do Centro é destinada ao pagamento de passagens e diárias para os professores, compra de material e contratação de serviços. “Eles tentam responsabilizar exclusivamente o diretor e o vice, mas existem outros responsáveis, como coordenadores, professores, alunos, e principalmente a reitoria”, Margotti disse.

Eastman disse que a carta aberta que está sendo divulgada é apenas um resumo de outra mais detalhada que foi encaminhada à reitoria. Ele afirmou que a União CCE vai continuar com as manifestações e que pretende expor irregularidades na gestão. “Essas críticas não possuem fundamentos, são argumentos toscos, fascistas e que não têm nada a ver com a democracia. Esses estudantes deveriam voltar para a escola para aprender o que é democracia”, disse Margotti, que alega ter sido eleito por um processo democrático e que deve responder somente a seus eleitores – Margotti foi reeleito com 163 votos, de um total de 244.

 

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