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Em busca de novos caminhos

Associação em Florianópolis ajuda a habilitação de deficientes visuais 

Texto: Manuela Lenzi ( lenzimanu@gmail.com ) e Rafaela Blacutt ( rafaelablacutt@gmail.com )
Arte: Merlim Miriane ( merlimiriane@gmail.com )
Fotos: ACIC

Há cerca de um ano João Paulo de Freitas, casado e pai de dois filhos, ficou cego. Diabético, teve complicações durante a cirurgia de catarata e perdeu a visão dos dois olhos. Logo após o incidente, tentou o suicídio no banheiro de casa. A corda arrebentou.

Foi através da Associação Catarinense para Integração do Cego (ACIC) que João obteve uma nova oportunidade. É nesse contexto que a ACIC foi criada em 1977. O objetivo era  incluir a pessoa cega em sua nova realidade através de apoio educativo, reabilitação e profissionalização.

E foi por isso que João entrou na Associação: para aprender a lidar com a deficiência. Durante quatro dias da semana, ele chega às 8 horas da manhã, e só vai embora às 17 horas. Durante o dia tem aula de braille, informática, atividades culturais e profissionalizantes. João conta que se sente em casa, “a comida daqui parece comida caseira, é como uma família”. Atualmente, ele consegue fazer todas as atividades domésticas, se locomover sozinho, e brincar com a filha de 1 ano e 7 meses e o filho de 5 anos.

Hoje a Associação atende 219 alunos de todas as idades. A equipe é formada por 23 profissionais da área da pedagogia, três assistentes sociais e dois psicólogos. Numa área de mais de 300 mil metros quadrados, as pessoas com deficiência visual podem desenvolver a mobilidade e se adaptarem novamente ao dia a dia. A reabilitação inclui o ensino do sistema Braille (escrita e leitura/simbologia Braille e alfabetização em Braille), informática voltada para sistemas especiais de computador e o uso do sorobã (aparelho para efetuar cálculos matemáticos), entre outros. Em conjunto com essas atividades também são desenvolvidas aulas de educação física e reuniões em grupo para que haja troca de expericências entre os participantes.

Além dos alunos, uma parte da equipe da ACIC também é formada por pessoas cegas ou com baixa visão. É o caso de Vitor Chaves, coordenador do centro de impressão de livros em braille e da biblioteca da Associação. Nascido e criado em Portugal, ficou cego aos 5 anos de idade. Ele lembra que a cegueira não causou um trauma na infância e que o apoio da família fez com que pudesse viver quase normalmente. “Meus amigos da rua colocavam a bola dentro de um saco plástico para que eu conseguisse jogar futebol”, recorda.

O complexo possui ainda um prédio de 24 apartamentos, o Centro de Hospedagem, voltado para os usuários que não podem ir até o local diariamente. Tudo sem nenhum custo, assim como todo o resto que é oferecido. A Associação é mantida por meio de parcerias e doações. Desde 1986, a Fundação Catarinense de Educação Especial ajuda a ACIC que também conta com auxílio das prefeituras dos municípios de Florianópolis e de São José.

Para ingressar na ACIC o deficiente visual deve apresentar um laudo oftalmológico que comprove a sua deficiência. O candidato participará então de uma conversa com a equipe de assistentes sociais, pedagogos e professores para que seja feito um estudo de caso. Depois disso, será montada uma grade de horários para o aluno conforme a sua necessidade e disponibilidade.

Serviço: 
Associação Catarinense para Integração do Cego (ACIC)
Rodovia Virgílio Várzea, 1300 – Saco Grande
Florianópolis – SC
Fone: (48) 3261-4500

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