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Cuidados com a alimentação para a prevenção da obesidade

TEXTO: Ana Domingues (email: anadomingues.ufsc@gmail.com)

Estar em casa para tomar o café da manhã, almoçar e jantar é uma realidade pouco frequente na vida da maioria das pessoas. Nos últimos quarenta anos, os gastos com alimentos consumidos fora de casa aumentaram em mais de 20%. Esse hábito de se alimentar em locais como restaurantes, fast-foods, cantinas e supermercados é uma prática associada a menor ingestão de frutas, vegetais, laticínios, fibras, cálcio, ferro e vitaminas e maior ingestão de alimentos com alto teor de gorduras totais, gordura saturada, açúcar, sódio e com alto valor energético. Esse baixo consumo nutricional, somado a falta de exercícios físicos é o principal fator para o sobrepeso. No Brasil, 52,5% dos brasileiros estão com excesso de peso e 17,9% são obesos. O excesso de peso é um fato de risco para doenças crônicas como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer que correspondem a 72% dos óbitos no país.

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A pesquisa feita com adultos universitários da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para a tese de doutorado intitulada “Percepção de comensais sobre calorias e a influência de informações nutricionais em restaurantes nas escolhas alimentares saudáveis de adultos”, mostrou a importância em ter informações nutricionais a respeito do que é oferecido para o consumo em estabelecimentos como restaurantes e cantinas. O estudo mostra que a preocupação dos adultos entrevistados para a pesquisa é relacionada a quantidade energética apresentada na tabela nutricional. No entanto, a escolha por alimentos menos calóricos não significa, necessariamente, consumir alimentos mais saudáveis. Por isso, a tese defende a necessidade de expor a informação sobre as características nutricionais dos alimentos disponíveis em cada estabelecimento para o consumidor, em vez de ressaltar apenas a quantidade de calorias.

Alimentação dos universitários na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

A dissertação para a Pós-Graduação em Nutrição na Universidade Federal de Santa Catarina da aluna Isadora dos Santos Pulz, intitulada “Ambiente Alimentar do Campus Sede da Universidade Federal de Santa Catarina”, de 2013, é um estudo sobre os 19 estabelecimentos alimentares (13 lanchonetes e 6 restaurantes) dentro do campus universitário com o objetivo de verificar os alimentos saudáveis, os hábitos dos estudantes e os preços estabelecidos.

Como resultado, foi investigado que há grande comercialização de alimentos e bebidas com baixa qualidade alimentar e nutricional na lanchonetes. O refrigerante é mais facilmente encontrado do que o café. Os salgados mais baratos eram os refinados fritos ou os de massa gordurosa assado. O recheio mais encontrado dos salgados refinados era de carne vermelha ou embutidos e nos salgados de massa integral, era queijo gorduroso e hortaliça em conserva. O sanduíche mais barato em comparação aos demais era o de carne vermelha em pão refinado. O bolo mais disponível e com o maior número de opções era o de massa refinada. A salada de frutas estava presente em quase todas as lanchonetes, mas nenhuma delas tinha fruta in natura. Apenas o suco natural de fruta era a bebida comercializada em todas as lanchonetes, com maior número de opções.

Em geral, a dissertação defende que há baixa oferta de alimentos fontes de cereais integrais e frutas in natura nas lanchonetes, elevada oferta de preparações gordurosas com teor reduzido de fibras nos restaurantes e os produtos com melhor qualidade alimentar e nutricional tem preço mais caro que os demais. Também foi identificado pouca disponibilidade de informação alimentar ou nutricional nos estabelecimentos. Como resultado, a ausência deste tipo de informação pode influenciar nas escolhas alimentares dos indivíduos que frequentam este ambiente, uma vez que pode propiciar escolhas mais saudáveis e seguras, respeitando as necessidades nutricionais e hábitos alimentares pessoais.

Nos restaurantes, viu-se que apresentam oferta elevada de hortaliças, frutas e leguminosas. No entanto, as carnes magras são preparadas com técnicas que elevavam o teor de gordura da preparação. Além disso, a oferta de cereais integrais não é feita em todos os locais e há elevada disponibilidade de cereais refinados fritos, que contém quantidade reduzida de fibra e elevada de gordura.

Como resultado, a dissertação conclui que a qualidade alimentar e nutricional dos produtos comercializados no campus universitário precisa ser melhorada para incentivar e facilitar a alimentação disponibilizada aos mais de 30 mil universitários e 5.500 professores e técnicos que frequentam o local, de forma saudável.

Para verificar seu IMC, acesse o link da matéria especial feita pelo jornal NEXO: https://www.nexojornal.com.br/especial/2016/01/04/O-Brasil-e-o-mundo-est%C3%A3o-engordando.-E-r%C3%A1pido

Os cuidados com a alimentação e exercícios físicos são tarefas importantes para a prevenção do excesso de peso. Caso os hábitos de cada um não mudem, a estimativa é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso no mundo e mais de 700 milhões obesos. Nas crianças, o número de sobrepeso e obesidade pode chegar a 75 milhões.

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