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Coletivo Jornalismo Sem Machismo debate opressão na profissão e na universidade

Texto: Matheus Alves (matheusalvesdealmeida@gmail.com)

O Instituto de Pesquisa Avon e Data Popular publicou recentemente que 96% dos jovens entre 16 e 24 afirmam viver em uma sociedade machista. As alunas do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina decidiram agir contra a naturalização da opressão. Criaram em novembro de 2014 o Coletivo Jornalismo Sem Machismo, que debate o assunto em reuniões periódicas e através de um grupo fechado no facebook.

O Coletivo nasceu quase espontâneamente. O primeiro encontro era apenas uma roda de conversa sobre opressão organizada pelo Centro Acadêmico Livre de Jornalismo Adelmo Genro Filho. Para que ficassem à vontade, apenas mulheres foram convidadas. Cerca de 30 participaram da discussão, que prolongou-se além do esperado. “Acabou acontecendo uma catarse coletiva, todo mundo tinha alguma coisa para falar”, conta Cintya Ramlov, aluna da 5ª fase do curso.

Durante a reunião, as meninas contaram histórias que vivenciaram dentro e fora do curso. Perceberam que atitudes machistas são aceitas e naturalizadas dentro da universidade por alunos e professores, e decidiram chamar atenção para o problema com uma manifestação. Cartazes com citações anônimas ouvidas dentro do Departamento de Jornalismo da UFSC foram fixados nas paredes dos corredores. Frases como “Mulher têm uma inocência útil” e “Nunca vi uma feminista bonita” foram escolhidas para ilustrar as situações opressivas vivenciadas por elas.

Como não é possível comentar todas as formas de machismo em um único encontro, foi criado um grupo no facebook para continuar a discussão. Atualmente, estão reunidas cerca de 150 mulheres, entre alunas e ex-alunas da graduação e pós-graduação em jornalismo. Os debates começam nas experiências dentro da universidade e vão para situações fora da UFSC. As rodas de conversa continuam periódicamente. Foi criada também uma página no facebook, que em pouco mais de uma semana conseguiu 1200 curtidas.

No início do semestre, o Coletivo incluiu as calouras do jornalismo em suas conversas. As garotas foram incentivadas a não aceitar práticas abusivas, como dar “selinhos” forçados em veteranos  ou responder a perguntas sobre sua vida sexual para uma plateia de pessoas no curso. O trote da turma de 2015.1 foi diferente, com o fim da “ola de bunda” e da competição de dança entre as meninas.

Sarau das Minas

As meninas do Jornalismo sem Machismo vão levar a discussão para além das reuniões fechadas. Está marcado para sábado, 11 de abril, o primeiro Sarau das Minas, no varandão do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC. Com início as 17h, será um espaço para música, poesia, exposições e outras manifestações artísitcas. A temática é simples: mulheres e feminismo.

Marcado inicialmente para quinta-feira, o Sarau foi adiado devido ao grande número de confirmados pelo facebook. O evento está movimentado, com dezenas de postagens diárias de músicas e videos de mulheres, de diversos gêneros musicais.

Jornalismo Sem Machismo

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