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Acessibilidade para deficientes ainda é precária no campus

Reportagem: Natália Pilati (natt.ufsc@gmail.com) e Pâmela Carbonari (pamelacarbonari@gmail.com)

Desde que o escritório da Secretaria de Relações Internacionais (Sinter) foi transferido para o Centro de Cultura e Eventos, Denise Siqueira, estudante do mestrado em Economia e funcionária da UFSC há seis anos, não ocupa o cargo para o qual fez concurso. O motivo são  os 8 degraus que separam o térreo do primeiro andar. Há 24 anos, ela sofreu um acidente de carro que a deixou paraplégica.

Calçadas esburacadas, pedras soltas, falta de elevadores, rampas muito inclinadas (quando existentes), portas estreitas, pisos táteis insuficientes e sanitários com degraus são só alguns dos problemas que os deficientes que frequentam a UFSC enfrentam todos os dias. Cansada, Denise entrou com duas ações no Ministério Público contra a universidade. A primeira foi devido às más condições de acessibilidade na Moradia Estudantil, onde viveu por cinco anos. A segunda, por ter sido transferida de setor por falta de acesso para deficientes na nova sede do escritório da Sinter.

Em resposta às reivindicações de Denise e de outros estudantes com deficiência física, e por orientação do Ministério Público, um Comitê de Acessibilidade foi criado. O grupo é formado pelas professoras Marta Dischinger, do curso de arquitetura e Rute Nogueira do curso de geografia, pela funcionária do Departamento de Projetos de Arquitetura e Engenharia da UFSC (DPAE) Gisele Kinack, por duas mestrandas da arquitetura e oito bolsistas de graduação, além da própria Denise Siqueira – que também faz parte de uma comissão na OAB em defesa das pessoas com deficiência.

Em dois anos de trabalho, o Comitê se dedicou a conhecer e acompanhar os deficientes da universidade, fez relatórios sobre as condições de acessibilidade no campus e projetos propondo soluções. No semestre que vem, o grupo apresentará um projeto piloto para a reitoria para adequar o prédio e servir de parâmetro para futuras construções na UFSC.

A universidade não sabe o número exato de alunos, servidores e professores portadores de deficiência, mesmo assim, o ingresso dessas pessoas tem se tornado frequente e exigido adaptações  Para a presidente do Comitê de Acessibilidade Marta Dischinger, “o problema maior é que as mudanças feitas no campus são ações isoladas; como colocação de elevadores, alargamentos de portas ou adequação de sanitários. Mas cada prédio ou centro se adapta de um jeito, às vezes nem estão de acordo com as leis. É necessário que haja padronização, para que as áreas se integrem”.

Outro problema segundo a professora é a dificuldade em pensar nas necessidades trazidas por diferentes tipos de deficiência e mesmo para pessoas idosas ou obesas “as pessoas relacionam acessibilidade imediatamente à figura do cadeirante, porque é o mais fácil de imaginar. Mas existem muitos outros tipo de deficiência a serem contemplados”.

O Cotidiano acompanhou quatro trajetos que a cadeirante Denise Siqueira percorre em seu dia-a-dia na UFSC. Confira nos vídeos abaixo.

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